Como o exemplo do gestor de hoje pode influenciar os futuros capitães do mundo corporativo e criar um ambiente mais humanizado para todos.
Texto por Diego Taketsugu*
Antes de mais nada, é preciso conceituar o termo “exemplar”. Exemplar não é sinônimo de perfeito ou impecável, como muitos podem achar, exemplar é aquilo que tem qualidades para servir de exemplo. Um líder exemplar ainda tem o direito de errar, pois ele não deixa de ser humano na posição de líder, mas as ações devem ser em sua maioria positivas, acertadas e, quando errar, ele deve reconhecer o erro, se desculpar e corrigir a rota, tão rapidamente quanto possível. Mas, falar que o líder deve acertar e impactar sua equipe positivamente é um tanto vago, certo? Por isso, vamos olhar para alguns pontos de maneira mais objetiva e entender o que transforma a gestão de uma empresa em “exemplar”.
Humanização e respeito
“Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor”, a frase do pedagogo pernambucano Paulo Freire (1921-1997) foi feita, obviamente, para um contexto de educação escolar e alfabetização, mas pode ser facilmente aplicada ao ambiente de trabalho. Se um colaborador foi guiado por uma liderança autoritária e opressiva durante toda a sua vida, caso ele assuma um cargo de liderança, é grande a probabilidade que ele próprio se torne um líder opressor e autoritário. Evidentemente, há momentos em que é necessário um pulso firme e demonstrar autoridade para com seus subordinados, porém, nunca se deve abrir mão do respeito e no tratamento humanizado – levando em consideração que aquela pessoa não é uma máquina de produzir, tem crenças, angústias, orgulhos e aflições próprias – mesmo nos momentos de cobrança mais dura. Assim, os funcionários se sentirão valorizados e motivados a aumentar a produtividade. Além disso, quando algum daqueles colaboradores alcançar um cargo de gestão, ele saberá cobrar seus subordinados de maneira firme, mas respeitosa e humanizada.
Valorize a diversidade
Não adote discursos como “somos todos iguais”. Apesar de bem intencionada, esta frase apaga as individualidades e peculiaridades de cada colaborador, contribuindo para um processo de desumanização deles. Valorize sua equipe por quem eles são, com suas diferenças, pontos de discordância e até mesmo incompatibilidades muitas vezes. Jamais haverá um time dos sonhos, onde todos sempre concordam e tudo é feito na maior felicidade do mundo, não adianta sonhar com isso. Em vez desta postura, o gestor deve zelar pela harmonia e paz no ambiente de trabalho, usando a diplomacia para contornar conflitos e sabendo fazer com que as diferentes (e muitas vezes conflitantes) visões dos diferentes funcionários funcionem de forma a criar um debate que esteja sempre melhorando o ambiente de trabalho e a produtividade. Troque o “somos todos iguais” pelo “ser diferente é normal”.
Como lidar com erros
Acredite, seus funcionários sabem que você é tão humano quanto eles e ninguém vai achar que o mundo acabou ou que você perdeu toda sua credibilidade para liderar só porque cometeu um erro. Errar é humano, mas assumir o erro é uma grande virtude. Não deixe aquele equívoco pontual virar uma bola de neve que vai engolir você, sua gestão e seus subordinados apenas por medo de assumi-lo ou orgulho. Você ganhará muito mais respeito dos demais ao demonstrar a humildade de falar “eu estava completamente equivocado, peço desculpas e agora vamos corrigir”. Não só você estará evitando maiores problemas no futuro, mas também passando a mensagem de que os demais colaboradores podem confiar em você e em suas decisões, porque mesmo que elas estejam erradas, serão corrigidas rapidamente, sem causar maiores danos.
Dê voz às pessoas
Quem disse que um subordinado não pode ter uma boa ideia sobre um assunto para além do seu escopo de atuação? Na realidade, os funcionários da linha de frente da empresa são os que conhecem com maior intimidade os básicos da operação e, muitas vezes, são aqueles que podem trazer soluções mais práticas. Dar voz aos funcionários não significa abrir mão da liderança ou “perder o controle”, um líder pode, facilmente, guiar os funcionários nas próprias ideias, ser um mediador em um brainstorm ou simplesmente aceitar ideias pontuais apenas. Não só essa atitude fará com que soluções melhores cheguem à prática, mas também fará os colaboradores se sentirem valorizados e parte importante do processo produtivo da empresa, em vez de apenas mais uma engrenagem do sistema. Com isso, temos trabalhadores mais felizes, produtivos e com um vínculo importante com a organização.
*Estagiário Gente Mais sob supervisão da jornalista Thayná Fogaça
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