No mundo atual, não raro, vemos pessoas se distanciando de sua essência, sendo somente “o que dá para ser” na vida e na profissão.
É uma discussão antiga, porém muito atual, bem retratada por frase de Hamlet em peça homônima de William Shakespeare, “ser ou não ser, eis a questão”.
Sem sombra de dúvida, muitos dos valores sociais e organizacionais estão em xeque, isto é, estão sendo questionados por um mundo em constante evolução e que clama por uma sociedade plural, baseada em propósitos positivos e agregadores de valor as partes que as integram, sem deixar de respeitar as individualidades de seus integrantes.
Para tal, a título individual, este cenário vem exigindo que se vá além das convenções e percepções até então observadas, pois requer que se abra a oportunidade de explorar e compreender novos conceitos e em visualizar o mundo com “novos olhos”, desenvolvendo valores e crenças mais coerentes com uma sociedade plural, mais elevada em termos de uma consciência coletiva que considere e respeite individualidades, o que se estende as organizações.
Vale lembrar que a essência de uma pessoa é representada por sua forma de pensar e agir, no que valoriza, no que acredita, dado o entendimento particularizado do mundo que a cerca, assim como se inter-relaciona com o meio, pavimentando, desta forma, o caminho e, por conseguinte, o destino, positivo ou não, de vida e profissão.
Vale ressaltar que o destino, o lugar onde se deseja chegar, onde a pessoa melhor se encaixará, será o reflexo do que construiu com seus valores, crenças e atitudes ao longo de sua jornada, tanto é que James Baldwin, romancista, afirmava que “ o lugar que me encaixarei não existirá até que eu mesmo o crie”.
Carl Jung, psicoterapeuta e fundador da psicologia analítica, bem dizia que “até a pessoa se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e a pessoa irá chamá-la de destino”.
Assim considerando, é imperativo ter foco no autoconhecimento, já que é a porta que leva as pessoas a analisar e ressignificar crenças e valores, superando condicionamentos e adotando novas posições e práticas mais coerentes a uma sociedade mais evoluída em temos de consciência e maturidade socioemocional e profissional.
Por sua vez, Mateus, em ditado bíblico, sabiamente dizia que “não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons”, o que reforça o entendimento que cada um colhe o que planta, conforme a sua essência, determinando o seu destino em função direta da relação causa e efeito.
Há outro proverbio, grafado no livro de bolso Minutos de Sabedoria, de C. Torres Pastorino, que bem identifica, por analogia, o que seria alcançar um estágio superior de essência, representando por elevado caráter positivo, o qual me baseio para escrever esta conjectura, quando afirma que “a luz, mesmo refletida em um pântano, não se suja”.
Aproveitando um pouco mais de Carl Jung, é esclarecedor quando diz que “quem olha para dentro desperta e quem olha para fora sonha”, sendo que a união desses dois aspectos são mais que úteis, são essenciais para determinar os recursos a utilizar e a visualização do caminho que leve a um destino salutar e que agregue valor a pessoa e as partes envolvidas, tanto no meio social como no organizacional.
Desta forma, é essencial compreender que o futuro de cada um, representado pelo destino ou objetivo a ser alcançado, inclusive dentro das organizações, de forma conjugada as competências técnicas, depende, fundamentalmente, de decisões e ações no presente, principalmente no tocante a despertar, respeitar e aperfeiçoar valores, crenças e entendimentos, colocando-se em faixa evolutiva superior em que antes estava, dada a ampliação da percepção de mundo, dos conhecimentos e da consciência adquirida nessa jornada.
Esta conjectura tem estreita relação como o conceito de espiritualidade nas organizações, já que é decorrente de se reconhecer que os indivíduos têm uma vida interior própria, com valores, crenças, sentimentos e percepções particularizadas que dirigem o posicionamento dos indivíduos nas mais diversas situações de vida e na profissão.
Por sua vez, o indivíduo ao atingir um grau de consciência e desenvolvimento mais elevado, terá pavimentado, com segurança e mérito, o caminho que refletirá em uma melhor adequação entre o “EU” e o “NÓS”, de modo a saber melhor viver e conviver em uma sociedade que valorize de fato os princípios de Liberdade, Igualdade, Respeito e Colaboração, o que supera a questão de “ser ou não ser” indo muito além “do que dá pra ser”.
Sempre em frente.
Turiddo Bonazzi é Diretor, Mentor/Coach Executivo e Consultor Palestrante na Evolutium- Desenvolvimento Humano e Empresarial e colunista do Gente Mais Portal.
Comments