Estar perto de uma pessoa sem trabalho e renda traz diferentes sentimentos e reações.
Podemos sentir desde uma solidariedade e empatia que tanto confortam até um distanciamento, velado ou não, consciente ou não, por ignorar sobre como melhor agir, o que dizer, como ajudar?
Convido você a ler e refletir sobre algumas poucas, mas importantes atitudes que ajudam – e outras que definitivamente em nada contribuem, dicas que aprendi nos mais de 20 anos apoiando pessoas nesta difícil situação.
PONTO NÚMERO 1 - Jamais tente minimizar o problema
Melhor se calar a emitir frases como: Isso não foi nada, acontece com todo mundo; Fica tranquilo, com seu currículo, você arruma emprego rápido; Bola pra frente, sem essa de ficar triste!; Crises separam vencedores dos perdedores, fortes dos fracos!
Por seu impacto emocional, ficar sem emprego está entre as cinco principais situações de luto, perda e separações às quais estamos sujeitos na vida. Segundo especialistas no assunto, a morte de um filho é a dor mais dilacerante. Depois, a perda dos pais, a morte ou abandono do cônjuge e a perda de um irmão ou amigo querido. Desemprego, falência ou perda de status e poder, pasme, vem logo na sequência.
O papel profissional é um dos formadores da nossa identidade. Representa um dos caminhos de reconhecimento e posicionamento social. Para a maioria das pessoas, é também a única fonte de renda, diretamente relacionado ao desafio de construir uma vida digna para si e a família.
Assim, o impacto da perda do “sobrenome corporativo” pode trazer a sensação de ficar sem a própria identidade. O cenário se complica com a perda da fonte de sustentação financeira, mesmo que racionalmente se saiba que, salvo exceções, a situação é momentânea.
Por isso, tentar minimizar a dor do outro em nada ajuda!
Sabe o que realmente ajuda? EMPATIA
Mais do que “se colocar no lugar do outro”, empatia é ser capaz de “sentir o que o outro sente, pensar como o outro pensa, calçar os seus sapatos, estar em sua pele”, quase literalmente e sem julgamento. Esta atitude naturalmente possibilita oferecer um ombro amigo, ouvidos atentos e escuta profunda, valorizando o sentimento vivido e a gravidade da situação – e deixando de lado palavras de consolo ou um olhar piedoso.
PONTO NÚMERO 2 – Perceba, sinta qual estágio da pessoa no processo de transição.
A psiquiatra Elizabeth Klüber-Ross estruturou um modelo de cinco estágios pelos quais as pessoas passam diante de uma perda, luto ou tragédia, publicados no livro “On Death and Dying”. No contexto do emprego podem ser assim resumidos:
1)Negação: Isto não está acontecendo. Deve ser engano. Eles vão pensar melhor e logo me chamam de volta.
2)Raiva: Por que eu? Não é justo. Fiz tanto por esta empresa.
3)Negociação: Deixe-me ficar até finalizar os projetos em que estou envolvido.
4)Depressão: Nada mais vale a pena. O que será de mim agora? Estou perdido. Não conseguirei me reerguer.
5)Aceitação: Que pena que acabou e desta forma, mas vai tudo ficar bem. Eu não consigo reverter o que está feito e nada posso contra isto, então, é melhor seguir em frente. Em algum momento entenderei o porquê e, principalmente, para que estou passando por tudo isso.
Qualquer pessoa “sem emprego” passa por estes estágios, tendo ou não consciência deles.
Perceber em qual estágio seu amigo ou parente está poderá te ajudar a dar a palavra certa, a ser mais eficaz no apoio. Muitas vezes, a única atitude é deixar a pessoa xingar, chorar, desabafar. E isso pode ajudar muito.
Sugestões racionais, mesmo brilhantes, surtirão efeito e serão úteis, quando a pessoa tiver superado a montanha russa de sentimentos apresentada acima e já estiver vivendo a fase da aceitação.
PONTO NÚMERO 3 - Mantenha contato e abertura para conversar
Para um “sem emprego” nada pior do que se sentir só, isolado. Assim, tome a iniciativa de se colocar à disposição, mas deixando a pessoa decidir o que ela precisa, o que é fundamental. Busque não se afastar por não saber ao que fazer, pois isso pode ser devastador para o outro.
Assim, fique certo, sua ajuda será muito maior do que simplesmente aceitar ou pedir o currículo desse amigo ou parente, sem saber ao certo o que fazer com ele.
De pouco adianta entregá-lo ao RH de sua empresa e ficar torcendo para que, na próxima ligação do seu amigo ele, feliz, lhe dê a reconfortante notícia de um novo emprego.
Quer mais informações sobre este tema e outros relacionados? Visite o programa “E agora José?” na minha página do YouTube onde você encontrará minhas respostas a várias perguntas que recebi de clientes e amigos. Querendo participar, me escreva ou grave a sua pergunta.
Terei o maior prazer em te responder.
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