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Rogério Toledo

O fim da área de Compras

A manchete soa como sendo sensacionalista, mas o fato é que os gestores de Compras vêm buscando, dada vez mais, automatizar o processo de requisição ao pagamento (R2P). Todas as atividades rotineiras, incluindo análises, podem ser robotizadas, e estamos vendo drásticas reduções do número de compradores em empresas, notadamente os que compram os materiais chamados Indiretos.


Além da automação, existem outras práticas em implementação constante, como o BPO (Business Process Outsourcing), e o e-Prourement, ferramenta bastante madura para que os próprios usuários comprem através de contratos negociados periodicamente por Compras, entre outras práticas.


Consequentemente é cada vez mais difícil estabelecer o perfil de um comprador, dado que esta transformação está exigindo profissionais que se diferenciem como gestores de categorias, façam negociações estratégicas, desenvolvam o mercado fornecedor e promovam a redução contínua do TCOTotal Cost Of Ownership (Custo Total de Propriedade).


Os gestores de Gente e Gestão podem ajudar alertando e estimulando a migração de compradores focados no transacional, para que se tornem mais estratégicos, através de uma maior especialização nas compras que mais agregam valor ao negócio, além do uso sistemático de Indicadores de Desempenho que promovam a evolução do processo.


Por sua vez, os CPOs (Chief Procurement Officer), além de aparelhar o processo Suprir, precisam possibilitar o crescimento dos profissionais com metas que associem ações a resultados, e não com métricas que, na prática, não medem nada, como o número de pedidos de compra/ comprador/ mês.


Há muitos anos que fazer as famosas três cotações foram substituídas por estratégias multi-sourcing (vide o Procurement Chessboard, que contém 64 diferentes alavancas de negociação), mas, mesmo assim, muitas empresas adotam esta que se tornou uma pior prática.


O ponto é que esta mudança está ocorrendo de forma muito rápida, acelerada pela Pandemia, que vem obrigando muitas empresas a reduzirem seus custos.


Um negociador estratégico é focado em entender profundamente os direcionadores de custo (visão de TCO) do que compra, a se inteirar cada vez mais com os clientes internos, a entender onde e como o material ou serviço que compra é utilizado, e a manter uma Inteligência sobre melhores práticas, fornecedores e especificações técnicas.


Muitas empresas que entenderam que Suprimentos precisa estar inserido na cadeia de valor do negócio, não sendo assim uma área de suporte, passaram a melhorar de forma significativas suas margens financeiras.


Assim, a área de compras, como é hoje, tem os dias contados, mas o processo de comprar, ao contrário, vem sendo muito valorizado. Cabem aos profissionais que trabalham nesta área entenderem os sinais de que estas mudanças são inevitáveis, sendo apenas uma questão de tempo.


Rogério Toledo é Sócio de consultoria da DGB Consultores, escritor e colunista do Gente Mais Portal.

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