O tema liderança é assunto recorrente em artigos, livros, cursos e palestras... unido ao tema inovação, temos então um cardápio completo, recheado de passos para se tornar um grande líder, um líder carismático, um líder servidor, um líder 4.0 e mais uma imensidão de nomes, a pergunta é... o quanto de fato o que se ensina é aplicável ao dia a dia dentro das organizações?
Talvez a reposta seja algo além das tais receitas mágicas... ciente de que já estamos imersos no mundo digital, a palavra inovar com foco no futuro já não faz sentido, pois a vida acontece agora! O quê? Como? E de que forma os grandes líderes estão trabalhando agora dentro dos cenários gerados pela nova economia?
Algumas destas respostas eu encontrei quando participei do Congresso Internacional em Tecnologia e Organização, realizado pela ECA-USP, dentro dos vários assuntos abordados, dois me chamaram a atenção de forma especial... um deles, apresentado por Jeff Prestes, CEO da NX Holding, que falou sobre Inteligência Artificial e como a gerente de RH da Tokio Marine Seguros, conseguiu mobilizar todos os colaboradores do seu setor a ensinarem o Chatbot de nome “Marina” a trabalhar... ela transpôs a barreira do “vou perder o meu emprego para um robô”, para... “a Marina irá nos ajudar com a comunicação com os colaboradores, trazendo respostas rápidas e liberando a equipe para outras atividades mais complexas”, tornando o robô mais um membro da equipe.
Outro destaque foi o ex-executivo e atual conselheiro do fundo de previdência da Bayer, Eduardo B. Donni que falou sobre as competências mais desejadas pelos CEO’s das grandes empresas, diante de um cenário de mudanças causado pelas novas tecnologias e dentre todas as habilidades citadas... a capacidade de aprender e aceitar que o conhecimento de ontem, não será o bastante de agora em diante, foi com certeza o que mais reverberou dentro das mentes presentes.
O que une os discursos dos dois profissionais? A disponibilidade para a mudança! Quando falamos em tecnologia é importante que todos os profissionais e principalmente, os líderes, entendam que o que os trouxe até determinado patamar, não irá leva-los até o próximo nível, não mais.
Hoje temos dentro das organizações líderes tradicionais, ou melhor... líderes com Mindset tradicional e com uma resistência natural a novo e avessos as mudanças, com foco em escassez. Esse tipo de mentalidade, quando compartilhada pela alta cúpula da empresa pode e tem gerado grandes prejuízos dentro das organizações, como por exemplo, o que ocorreu com a Blockbuster e a Kodak, que devido ao foco de suas diretorias estar voltado para a velha economia, ficaram paralisadas frente as novas tecnologias e mudanças no comportamento de seus consumidores, levando-as a falência... assunto tão amplamente divulgado dentro das corporações.
Por isso, dizer que é um líder inovador já faz parte do script de praticamente quase todo profissional, mas quantos verdadeiramente estão abertos e tranquilos para recepcionar dentro de seus setores as novas tecnologias?
No exemplo da gerente citada pelo Jeff Prestes, algumas das competências da profissional foram: “flexibilidade para aprender, comunicação e persuasão para engajar os colaboradores e principalmente coragem para inovar”, pois, é certo que com o avanço da era digital, trabalhos rotineiros e repetitivos serão substituídos por robôs, que são mais rápidos, eficazes e mais baratos do que o ser humano, mas, também sabemos que a tecnologia gera um grande número de postos de trabalho e que estas vagas requerem novas competências e habilidades, cabe ao líder preparar-se e estimular a sua equipe a se preparar para esse novo mercado de trabalho.
O ponto fundamental é o quão aberto você está para sair do conforto de suas formações do passado e adquirir novas competências? E incentivar sua equipe? Aqui é um ponto chave, quando se fala da busca por ser protagonista, é crucial entender que todos terão que disputar novas funções e seguir um processo de transformação para desfrutar das boas oportunidades do futuro.
O importante de agora em diante é algo além de aprender a decorar... o líder deve aprender a pensar, a buscar a informação, não temer a mudança e conectar as informações... ou seja, o líder deve se colocar em posição de igualdade com sua equipe e aprender o real significado da palavra Cocriação.
Atento a tudo isso, quando falamos em aprender a pensar, um líder deve também se atentar ao perigo das tecnologias, pois, estas são efêmeras e muitas vezes o que em um primeiro momento parece bom, pode sim gerar grandes prejuízos a organização, o que faz com que os líderes tradicionais, ou líderes de Mindset voltado a velha economia, optem por continuarem em seu porto seguro... mas isso é assunto para uma outra conversa.
Fernanda Silva é especialista em Liderança Feminina e colunista do Gente Mais Portal.
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