E LIÇÕES APRENDIDAS COM O LIVRO “A CORAGEM PARA LIDERAR” DE BRENÉ BROWN
Nos últimos dias, há um assunto bem comentado que é a demissão silenciosa (quiet quitting), que consiste num movimento de redefinição das relações de trabalho, em confronto com a cultura de alta performance.
A demissão silenciosa está ligada à insatisfação crescente no trabalho e à pandemia que fez com que houvesse tomada de consciência da nossa própria mortalidade, com questionamentos relevantes quanto ao significado do trabalho realizado enquanto trabalhador e qual efetivamente seu valor.
Pensando nesse assunto, no último final de semana, resolvi resgatar o livro “A coragem para liderar”, de Brené Brown, e revisar algumas lições aprendidas.
Lição 1: O mercado precisa de líderes corajosos, porém não sabe onde encontrá-los – A autora aponta que os profissionais em posição de liderança e as culturas das empresas precisam ser mais corajosas, mas não sabem elencar quais características são essenciais para uma liderança corajosa. Portanto, mesmo sabendo que tipo de líderes o ambiente organizacional precisa, a maioria das empresas não sabe como desenvolver essas lideranças.
Lição 2: A coragem pode ser ensinada - Brené afirma que essa capacidade está mais relacionada com a forma como as pessoas se comportam do que com quem elas são. É possível ensinar um líder a ter coragem, porque é uma combinação de quatro habilidades: encarar a vulnerabilidade, viver de acordo com valores, desafiar a confiança e aprender a crescer. Sendo a vulnerabilidade a lição de liderança mais importantes para desenvolver líderes do futuro, que se torna uma premissa para trabalhar as demais competências.
Lição 3: O medo não é um obstáculo para a liderança destemida - Todos os líderes sentem medo regularmente. Portanto, o medo em si não é um empecilho para a liderança, mas sim a forma como cada pessoa reage ao seu medo. Brené traz o conceito de liderança com armadura, que ocorre quando os líderes utilizam de pensamentos, comportamentos e emoções como forma de proteção, evitando lidar com a vulnerabilidade. Para desconstruir a armadura, é preciso ter autocompaixão e paciência.
Lição 4: A cultura da empresa impacta diretamente na coragem dos profissionais - Para que os líderes e colaboradores possam desenvolver a coragem dentro do ambiente de trabalho, é preciso criar uma cultura que valorize o trabalho duro, vulnerabilidade e conversas difíceis. Isso fará com que os profissionais se sintam seguros, respeitados e ouvidos e facilitará o desenvolvimento de vínculos que criarão relacionamentos produtivos entre todas as partes. Os líderes devem cultivar uma cultura de pertencimento, inclusão e diversidade.
Lição 5: Líderes precisam prestar atenção nos sentimentos e emoções da equipe - Criar oportunidades para expor medos, sentimentos, expectativas e desejos ocultos é um diferencial importante para a liderança corajosa. Quando os líderes não dedicam um tempo para lidar com essas questões, desperdiçam um tempo maior gerenciando comportamentos improdutivos. Para tanto, os líderes precisam ser curiosos e trazer à tona experiências emocionais, lembrando que o líder não pode se responsabilizar pelas emoções dos outros.
Lição 6: Compartilhar valores ajuda a construir vínculos e confiança - Um valor é um modo de ser ou uma crença que se considera muito importante. Brené recomenda que os líderes sejam transparentes sobre seus valores e ajam de acordo com eles. Líderes corajosos nunca se calam em assuntos difíceis, quando vivem de acordo com seus valores, e que esse conjunto de crenças ajuda a construir relacionamentos melhores entre os pares. Os valores da organização também são englobados nesse aspecto e devem ser compartilhados por todos.
Lição 7: Líderes devem trabalhar a empatia - Brené define empatia como o ato de se conectar com as emoções por trás de uma experiência. Para conseguir realizar essa conexão é preciso aprender lições de liderança, tais como: enxergar outros pontos de vista, não julgar as pessoas, ter atenção plena, entender os sentimentos dos demais e comunicar o que entendeu dos sentimentos dessa pessoa.
Lição 8: Confronte para confiar - Segundo Charles Feltman, confiar é “escolher o risco de deixar ser vulnerável às ações de outro pessoa algo que você valoriza”. Por isso, Brené recomenda que o líder ao trabalhar a questão confiança seja específico, aponte comportamentos e identifique onde estão as falhas. Ainda apresenta sete comportamentos que trazem lições de liderança para a autonomia da confiança: estabelecer limites, confiabilidade, responsabilização, sigilo, integridade, não julgamento e generosidade.
Lição 9: Aprenda a se levantar – Como última lição, destaco que, para Brené, o líder precisa ter habilidades de risco ou resiliência. Não possuir esta habilidade é ter um empecilho para a liderança. Brené afirma que líderes que não sabem se reerguer terão mais dificuldades em arriscar. Para aprender a levantar, ela explica que são necessárias três competências: reconhecimento de quando se está tomado por uma emoção (e ter curiosidade sobre ela), confronto com histórias criadas na cabeça de cada um e revolução de abraçar a vulnerabilidade e viver de acordo com seus valores.
E você, líder, como tem trabalhado sua coragem de e para liderar? Desafio a ler e reler este livro e, também, tirar suas lições práticas para a vida.
Édila Souza é Educadora Executiva e colunista do Gente Mais Portal.
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