O termo multitarefar surgiu na computação. Quando um sistema operacional permite a execução de mais de um programa simultaneamente é chamado de multitarefa.
Marivel Duncan – Colunista Gente Mais
Atualmente é quase impossível uma pessoa sentar-se e focar em apenas uma tarefa.
Você conhece uma pessoa polvo? Pessoa polvo é aquela que enquanto anda, aciona um comando com as mãos direita e enquanto levanta o braço esquerdo para acionar outro comando, já direciona o braço direito para a próxima tarefa. O problema é abrir muitas janelas do cérebro e não fechar nenhuma, além de correr o risco de não se concentrar com total potencialidade e atenção. Mas pasmem, muitos não conseguem terminar a tarefa principal e quando terminam, ultrapassam o tempo que haviam proposto e com menor energia para a próxima tarefa. A pessoa polvo faz muitas tarefas ao mesmo tempo, cansando o cérebro com muitos comandos que podem ser desnecessários ou não previstos no checklist daquele dia.
Se começa a ler, lembra de enviar uma mensagem importante para a secretária, enquanto toma café, checa os e-mails, talvez você converse olhando para os posts do Instagram, trabalha na tela principal do computador desviando o olhar para as notificações. Realmente não há vontade fortalecida diante de tantas distrações!
Você deve ter conhecimento que pessoa polvo tem outras definições nas corporações. Mas utilizo neste contexto de fazer muitas coisas ao mesmo tempo em razão de uma certa manhã, ao me arrumar para trabalhar em uma academia de ginástica, uma pessoa olhou para mim e ficou impressionada como eu conseguia fazer tudo ao mesmo tempo com todos os membros do corpo e acrescentou: “Você parece um polvo!!!”
Ser uma pessoa polvo é ser uma pessoa multitarefa, pode não estar ajudando você a alcançar produtividade em suas metas. Acrescento que para a saúde cerebral não é uma boa opção. O simples desvio do olhar e retorno à atividade principal requer mais energia do cérebro, estimula a liberação de cortisol, o que desencadeia ansiedade e perda de tempo, pois ao retornar para a tarefa alguns minutos são necessários para readquirir o foco e concentração. Após várias vezes, você pode estar exausto.
Isto acontece até à geração passada que foi acostumada a se concentrar em apenas uma tarefa por vez e buscava o conhecimento nos cursos de capacitação/formação, nos livros e nas enciclopédias e agora se encontra fazendo muito esforço em acompanhar este mundo globalizado com muitas informações, necessitando multitarefar para dar conta.
E as fontes de busca do conhecimento descritos acima possuem um valor ímpar para o cérebro. Estudar em uma turma presencial significa estimular os dois lados cerebrais. Você ativa o conhecimento e a atividade relacional. Pesquisar em uma enciclopédia acessa muitos estímulos cerebrais, os olhos estão em busca da palavra ou tema objeto da pesquisa, depois que encontra ativa a recompensa cerebral e provavelmente você deve ter realizado muitos resumos escritos à mão para materializar o conhecimento pesquisado.
A nova geração consegue facilmente fazer várias coisas ao mesmo tempo sem gasto considerável de energia. Enquanto fazem muitas coisas, conseguem manter o foco na tarefa principal e o adulto que observa pode julgar que o jovem colaborador não está focado na tarefa da empresa. Surpreendentemente ele termina em tempo muito menor e mostra o impecável resultado.
É a geração Y, cujo acesso à informação é exponencialmente maior que as gerações dos seus pais e avós. Eles conseguem se informar e produzir conteúdo com a maior facilidade, além de conseguirem passar a maior parte do tempo multitarefando, ou seja, fazendo várias tarefas simultaneamente. Este foi o resultado de um estudo realizado pela MTV, entre maio e julho de 2010, em que foram ouvidos mais de 2.000 jovens entre 12 e 30 anos, das classes A, B e C, de sete estados do nordeste, sul, sudeste e centro-oeste do Brasil. Não é interessante?
Agora que você conhece as facilidades e dificuldades das gerações pretéritas associado ao funcionamento cerebral das novas gerações, você já dever ter se identificado pela idade que possui.
Então se você é jovem e possui a característica de multitarefar, está tudo bem! Eu diria para os líderes de gerações anteriores apreciarem esta habilidade nata.
E você que, assim como eu, possui uma idade superior a 30 anos, não precisa querer competir com os mais novos, seu cérebro possui outras experiências. Você possui outros benefícios: os estímulos diversos que vem acessando em busca do conhecimento, só que fazendo uma tarefa por vez. Foi assim que seu cérebro foi preparado para não se estressar.
Se estamos sendo convocados o tempo todo a multitarefar, apenas reconheça seu caminho neural e desenvolva suas novas habilidades de multitarefar de acordo com sua individualidade, para não prejudicar sua saúde mental com o estresse e a ansiedade. O cérebro pode aprender qualquer coisa, mas cuidado para não sobrecarregar o sistema.
A boa notícia é que ouvir música realizando outras tarefas não é considerado multitarefa, pois ao ouvir música é ativado outra área cerebral diferente da área de produção de tarefas.
Quando a colega da academia me falou que eu parecia um polvo, ops! Tomei consciência, fui em busca do meu autoconhecimento e descobri que estava ansiosa, nem imaginava! Ao focar em cada tarefa, promovo atenção plena, fonte de dopamina, serotonina e endorfina.
Benefícios muito importantes no final das contas ou DAS TAREFAS que consigo realizar com potencial máximo!
Marivel Duncan
@marivelduncan
Criadora do Método Conflito Zero
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