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Tati Souza

A rivalidade entre meninas e meninos

Antes mesmo do nascimento, muitos pais, influenciados pela cultura da sociedade, criam estereótipos para os seus filhos de acordo com o sexo do bebê.


Já no chá de bebê, as roupas são de cor azul para meninos e rosa para meninas. O problema não é vestir meninos de azul e meninas de rosa, mas achar que eles se limitam a isso. Crianças devem ter a liberdade de brincar com o que quiserem e usar qualquer cor, sem que os papéis de gênero confundam suas cabeças e moldem seus comportamentos, pois, com isso, vem a rivalidade de gênero.

A preferência por brinquedos também é moldada. Nas propagandas, é bem claro quem deve brincar com o que e aí já começa a ideia preconceituosa de que menino não pode brincar de boneca e menina não pode brincar de carrinho, como se esses fatores fossem atrapalhar a vida deles.

Esta rivalidade é criada por ideias e comportamentos vindos dos adultos e transmitidos às crianças e acabam gerando muita confusão na cabeça dos mais novos. Por exemplo, muito se diz que “garotos são mais agitados” e que “garotas são mais organizadas e amadurecem mais rápido”. Ou ainda que tal brincadeira é mais apropriada a tal gênero. Estas ideias reproduzem preconceito, mesmo que os adultos que o reproduzam não estejam cientes disso, que será instalado na cabeça das crianças - que, não se esqueça, serão os adultos do futuro.

Quem já não ouviu que “meninos são mais agitados”, “meninas são organizadas e caprichosas” ou que determinadas brincadeiras são mais apropriadas para determinado gênero? Falas como essa contêm um preconceito velado que costuma ser repassado sem que os adultos tenham consciência do que estão propagando.

Crianças são seres curiosos e travessos, não fazem distinção de gênero. Brigas surgem pelos mais diversos motivos, mas não porque meninas são frágeis ou tal atitude é “masculina”. Esta rivalidade não é inata ao ser humano, mas sim construída pela sociedade. Para evitar a perpetuação desta situação e criar crianças mais livres, precisamos reformular alguns hábitos instalados nas pessoas.

Devemos ter em mente o conceito de equidade - aprendi no Circuito Mulher que equidade é diferente de igualdade - ou seja, pensarmos em uma sociedade mais justa tendo em mente as necessidades e individualidades de cada pessoa. Precisamos que este conceito seja profundamente difundido nas escolas e famílias, junto com a ideia de igualdade de gênero, para que possamos ter uma educação e, consequentemente, uma sociedade futura não sexista.

É preciso oferecer um leque amplo de opções para as crianças quanto aos seus interesses e brincadeiras, e principalmente é preciso que deixemos que elas sejam crianças.


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