Aos 23 anos, tomei a decisão mais difícil da minha vida, mas também a que me trouxe mais aprendizado.
Ainda nova, recebi uma segunda chance para viver a vida que sempre sonhei. Mas minha escolha afetaria não só a mim mesma, mas a todos ao meu redor.
Àquela época, já tinha uma “vida perfeita”, com um bom casamento, filho e casa própria - na cultura da minha família, o maior símbolo do sucesso.
Era uma casa de boneca. Pequena, com apenas 3 cômodos, com uma cozinha para fora, onde eu recebia os amigos e familiares. Não havia garagem coberta, mas me fazia muito bem! Para completar, eu tinha um emprego onde as pessoas me respeitavam e eu havia sido promovida algumas vezes, em pouco tempo.
Meu marido - à época - era muito trabalhador, dividia as tarefas domésticas e os cuidados com nosso filho. Saía para trabalhar antes do sol nascer e voltava tarde todos os dias.
Meu filho, de apenas 5 anos, já frequentava a escolinha e tinha vários amigos. E eu estava em uma situação difícil: minha vida ia bem, mas eu sentia que estava vivendo pela metade. Eu queria mais do que aquela vida pacata, mas não sabia exatamente o que.
Secretamente, me candidatei a um processo seletivo em Bauru. Apenas meu pai sabia, já que ele que me levou para as várias entrevistas. E no final, fui aprovada).
Agora tudo está fácil, com um salário quadruplicado, eu iria me mudar com meu marido e filho, simplesmente dando um upgrade em minha “vida perfeita”, para que ela ficasse ainda mais perfeita. Certo?
Errado! Ao receber o comunicado sobre a aprovação, voltei para casa e tomei a decisão mais difícil da minha vida. Tive que falar para o pai do meu filho que eu estava indo embora.
O deixei, sem motivo, apenas por sentir que dentro de mim, aquele relacionamento e aquela vida não me preenchiam. Arrumei minhas coisas, peguei meu filho e fui embora sem olhar para trás. Jamais retornei.
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