NINGUÉM NASCE IGUAL A NINGUÉM, NÃO É MESMO?
Como sabemos, ninguém nasce igual a ninguém. A mãe que dá luz ao segundo filho sabe que ele é totalmente diferente do primeiro. Tanto genética quanto emocionalmente. As pessoas se distinguem umas das outras e as diferenças se aplicam também à forma como buscam o conhecimento, seja este formal ou não.
Uma experiência trouxe uma reflexão importante acerca do processo de Ensino e Aprendizagem¹. Aquilo que estudamos na teoria, fica mais claro quando é vivenciado, damos conta do quão certo está o rumo escolhido e como as decisões tomadas são importantes.
VOU CONTAR O QUE OCORREU!
Ao planejar um treinamento focado para um grupo de profissionais, o ponto de partida foi o material de apoio, que exigia além do conteúdo, dinâmicas e exercícios específicos. Por prática, a análise do perfil dos participantes foi realizada, a priori.
No decorrer de cada encontro, na aplicação do material instrucional e condução das atividades, percebeu-se a necessidade de usar um formato completamente diferente para cada participante. Embora em grupo, as abordagens foram individuais, personalizadas, únicas, focadas em cada pessoa. A maneira particular como cada membro assimilou conteúdo, também foi única, distinta e singular.
Todo mundo já teve aquele colega que não precisava “estudar” e mesmo assim obtinha nota máxima nas avaliações. Também aquele outro amigo que se “matava de estudar” para conseguir somente a nota mínima para passar. Ambos estavam na mesma turma que você, aprendendo com a mesma metodologia, com o mesmo professor e o mesmo livro.
O que acontecia então? Por que o aprendizado não era o mesmo para cada um deles?
O tempo passou, as tecnologias invadiram as escolas, as salas de aula e os treinamentos corporativos. Os docentes e treinadores foram obrigados a mudar o modelo tradicional de ministração de conteúdo, para um sistema contemporâneo, interativo, digital, que preza a autonomia do educando, entre outros atributos. Porém, como ensinar o mesmo conteúdo para tantos indivíduos que apresentam diferentes peculiaridades no aprender? Como fazer com que todos assimilem o conteúdo, tornando aquele aprendizado válido, consistente para o futuro e aplicável ao mercado de trabalho?
DEIXO AQUI UMA DICA!
O primeiro passo é avaliar os Canais Processuais² do seu treinando, desenvolver e formatar atividades levando em conta os canais de aprendizagem mais relevantes para ele.
Agora você deve estar se perguntando: Impossível organizar uma atividade para uma equipe com 30, 40 pessoas desta forma, certo? Errado!
A mesma atividade pode ser desenvolvida pensando nesses mesmos canais processuais: Visual, Auditivo, Cinestésico e desta forma a assimilação tende a ser muito maior, com resultados positivos e comprovados.
OUTRA DICA É CONHECER O OUTRO. CONHECER REALMENTE!
Entender o que seu interlocutor gosta e o que não gosta, criar um vínculo de respeito, acima da autoridade. Hoje o Aprendizado Colaborativo³ compõe a realidade dos treinamentos para grupos, não existe mais o papel do “dono da verdade”, e o espaço deve ser aberto às discussões e participações efetivas, muito mais atitude por parte daquele está construindo seu conhecimento alunos. Deve-se instigar a autonomia.
Se você é um treinador-professor-palestrante assim como eu e ainda não mudou nada na sua rotina de trabalho, você está obsoleto, meu amigo. O profissional do futuro é multifuncional, ou seja, além de dominar o conteúdo específico, precisa entender de diversas áreas do pensamento e relacionamento. Além de manusear um livro, terá que estar por dentro das novas tecnologias de informação e comunicação. Terá que abrir mão da apresentação somente expositiva e criar interação prática, trazendo à tona a experiência de mundo do seu educando, lembrando sempre que cada um construirá o conhecimento de um jeito único. Serão desenvolvimentos diferentes, com focos distintos, todos eles significativos.
Este artigo foi construído resgatando as experiências reais de profissionais* ativos no processo da educação corporativa.
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¹ O processo ensino e aprendizagem é uma nomeação geral para o complexo sistema de interações comportamentais entre professores e estudantes.
² Os canais processuais são os meios sensoriais pelos quais captamos e estímulos externos e armazenamos as informações. É a forma como experimentamos o mundo.
³ A aprendizagem colaborativa é um recurso educacional que prega a necessidade de inserção, na sala de aula, de metodologias interativas entre o usuário-aluno, em conjunto com o professor-mediador para que sejam estabelecidas buscas, e que haja compreensão e interpretação da informação de determinados conteúdos.
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* Letícia Fiorotti, empreendedora, consultora, professora licenciada e especialista em vendas consultivas para o mercado corporativo.
* Ricardo Limão, administrador, consultor de empresas, professor e autor especializado em produtividade e competitividade de equipes.
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